sexta-feira, 11 de abril de 2014

Como montar um kit iniciador de fogo

Saudações!

Numa postagem anterior nós vimos como fazer em casa um acendedor barato, muito prático, eficiente e sobretudo duradouro e que não tem problemas com umidade. Agora, é hora de a gente saber o que é um kit básico iniciador de fogo, que vale tanto para uso em camping como em travessias.

A menos que você caia no meio de uma floresta de pára-quedas e sem equipamento algum, o kit de fogo é algo que tem que ser levado sempre que você sair da civilização, em especial se a viagem incluir trilhas ou travessias.

O fogo é primordial: com ele conseguimos cozinhar, esterilizar água, nos aquecer. De quebra, as chamas ainda afastam animais e aumentam as chances de sobrevivência caso você se perca no meio da trilha, uma vez que pode ser usada também para sinalização.

Embora seja possível acender fogo apenas com a fricção de gravetos, este método além de ser extremamente cansativo necessita de iscas muito secas, o que é virtualmente impossível de ser encontrado no meio de florestas tropicais: a umidade nestes locais é tanta que, mesmo que fique dias sem chover, o chão (e as folhas e todas as possíveis iscas) não estarão secas o suficiente. E o sucesso desses métodos dependem de muito treinamento. Numa situação de emergência, o esforço para se acender fogo usando esses métodos, mesmo que as iscas e os gravetos estejam extremamente secos, chega a ser uma tarefa sobrehumana.

Desta forma, nada melhor do que se preparar. Tenha algo em mente: nunca dependa de um só método para acender o fogo. Se você gosta de usar isqueiros, tenha mais um sobressalente: o gás pode acabar, o isqueiro quebrar ou simplesmente ser perdido. Se prefere a pederneira, tenha também uma caixa de fósforos impermeáveis (caros e difíceis de encontrar) ou os impermeabilizados em casa, que vamos ver mais abaixo como fazer.

No meu kit de fogo, levo:

  • Duas ou três iscas (do post anterior);
  • Tiras de câmara de ar;
  • Um isqueiro tipo maçarico;
  • Um isqueiro comum (prefira os mais confiáveis);
  • Pederneira;
  • Uma vela comum.
Meu kit

Use um pote plástico, de preferência bem vedado para transportar seu kit. Se tiver dúvidas quanto à impermeabilização, acondicioná-lo dentro de um saco plástico bem fechado é suficiente. Tenha em mente que vai chover, mesmo que o dia esteja ensolarado. Sempre prepare-se para o pior cenário possível; assim, você sempre estará bem equipado.

Agora vamos ver cada item que compõe meu kit:

1) As iscas

Tenha sempre dois tipos de isca. A quantidade deve ser proporcional ao número de dias que se pretende depender do kit. No caso de travessias, aumente este número em 4 dias: é o tempo médio que um sobrevivente demora para ser localizado pelas equipes de resgate. 



As iscas que fiz, mostradas no post anterior. São bolinhas de
algodão embebidas em vaselina líquida e depois mergulhadas
na parafina derretida

As bolinhas de algodão embebidos em vaselina líquida e revestidas em parafina são muito interessantes: repelem a umidade, acendem fácil e queimam por tempo suficiente para acender o fogo mesmo que a lenha não esteja muito seca. Cada bolinha dessas dura de 15 a 20 minutos; você pode economizar cortando-a ao meio caso perceba que a fogueira irá acender facilmente.

Tiras de borracha (câmara de ar)

As tiras de borracha facilitam muito o acender de gravetos, folhas e coisas que você encontrar no mato e que também não estejam muito secas. A borracha acende facilmente e com fogo considerável. Você pode envolver o ninho de folhas secas na tira de borracha.

A vela também pode ser útil: pode ser mais fácil acender o ninho de folhas secas com a vela do que com o fósforo ou o isqueiro.

2) Os isqueiros

Tenha sempre dois: um comum e, se possível, um do tipo maçarico. Isqueiros comuns duram uma eternidade, mas acendê-los sob qualquer brisa mais forte é uma tarefa que tira a paciência de qualquer um. Os do tipo maçarico possuem uma chama mais quente (em torno de 1.100ºC) e são menos suscetíveis a ventos. Há também os que usam combustíveis líquidos (como os famosos Zippo). Eu particularmente prefiro os à gás porque o combustível líquido é muito volátil e tende a acabar em poucos dias. 

O famoso, barato e confiável "Mini Bic"


A chama, quase imune ao vento
O isqueiro tipo maçarico














Note que eu tive o cuidado de preferir um modelo maçarico transparente, pois assim é mais fácil acompanhar a quantidade de gás no reservatório. Além disso, o modelo escolhido é dotado de trava de segurança, que impede o acionamento involuntário.

3) A pederneira e os fósforos à prova d'água

Quem já viu o Bear Grylls no Discovery deve ter percebido que ele gosta mesmo é da pederneira. Nada mais é do que uma barra de magnésio. Normalmente o outro lado da barra de magnésio há um flint (a parte preta) e um riscador (a chapa de metal verde). Primeiro deve-se tirar lascas do magnésio com o canivete, com o cuidado de fazer com que as farpas fiquem sobre a isca. Depois, atrita-se o riscador com o flint. As faíscas geradas irão inflamar o magnésio raspado e o fogo terá início. Sua principal vantagem é funcionar mesmo molhada, e sua desvantagem é que ela pode quebrar. E acender uma isca com essas faíscas também não é uma tarefa fácil. No meu kit, a pederneira é a "saída de emergência", quando nada mais der certo.
A pederneira consiste numa barra de magnésio, uma pedra 'flint"
(pedra de isqueiro) e um raspador.

Além dos isqueiros, é bom ter à mão também uma caixa de fósforos. Nunca dependa só deles: embora os palitos possam ser impermeabilizados, eu ainda não vi nenhum método eficiente para impermeabilizar o riscador da caixa - daí a necessidade de proteger o kit da umidade. 

Impermeabilizar os fósforos é muito fácil: basta mergulhá-los na parafina derretida por alguns segundos. Dica: aproveite a parafina que sobrou das iscas de algodão para fazer isso.

Por serem feitos de madeira muito seca, os palitos são verdadeiras esponjas de umidade: mesmo em casa, é difícil acender os fósforos de uma caixa que ficou muito tempo guardada. A parafina faz uma "capa" estanque em torno dos palitos, aumentando a resistência à umidade: os palitos pegarão fogo facilmente mesmo depois de molhados. Além disso, depois de acesos, o calor derrete a parafina que envolve o palito e cria uma chama mais forte e mais duradoura, ainda que bastante suscetível a ventos.

Só não se esqueça de tirar com a unha a parafina de uma parte da cabeça do palito antes de riscá-lo, pois senão a parafina pode se acumular na lixa riscadora da lateral da caixa e inutilizá-la. 

Enfim, cada um tem suas preferências, seus métodos que julga mais eficiente na hora de acender o fogo. Como visto, meu kit reúne várias formas diferentes de acender o fogo, e isto é importante porque nunca sabemos em que condições encontraremos a lenha da fogueira. O intuito aqui é divulgar a ideia, servir como base para que você monte o seu.

E já que estamos falando de situações emergenciais, é bom relembrar algumas dicas básicas no caso de você se perder no meio da trilha:

  • O ideal é sempre estar equipado; como dito lá em cima, prepare-se sempre para o pior cenário possível. Leve apenas o essencial, pois o peso da sua mochila é um de seus inimigos;
  • Conheça o lugar para onde vai. Tenha um mapa e uma bússola, e saiba usá-los;
  • Evite fazer travessias ou trilhas muito extensas sozinho;
  • Avise seus familiares de seus planos, em detalhes. Planeje sua rota, estime o tempo que ficará afastado e quando fará contato. E deixe claro que se o contato não acontecer no dia determinado, você provavelmente estará perdido e as equipes de resgate devem ser acionadas;
  • Caso se perca, admita que está perdido e procure abrigo. Evite deslocamentos desnecessários, pois só piorarão o seu estado físico e psicológico. Mantenha a calma: o pior inimigo do raciocínio é o desespero;
  • Estando perdido, procure um local seguro para seu estacionamento: evite proximidade de encostas caso haja chances de chuva. Evite também locais muito próximos a rios. Procure uma clareira próxima ao local escolhido e acenda uma fogueira, que será usada para sinalização.
  • Não acenda fogueiras sob o copado das árvores: a fumaça não ultrapassará as árvores e poderá ser facilmente confundida com a evaporação natural, dificultando as buscas.
  • Ao ouvir barulho de aeronaves, mesmo que não as veja, use a fogueira para provocar fumaça: atire nela ramos verdes ou, se possível, algum pedaço de borracha, óleo ou algo que produza fumaça preta (durante o dia). 
  • Procure descansar o máximo possível, economizando energia.
  • Novamente, mantenha a calma. O resgate chegará.
Um abraço a todos e obrigado pela visita!


domingo, 6 de abril de 2014

Acendedor caseiro para fogueira

As bolinhas

Acendedor de fogueira feito em casa: cada bolinha dessa queima com fogo bem alto por 15 a 20 minutos. Mais barato e eficiente do que aqueles acendedores vendidos no mercado. E ainda acendem facilmente apenas com uma pederneira, ideal para levar no seu kit de fogo bushcraft.
Para fazer é bem fácil, veja só:


1) Materiais necessários:
- Um rolo de algodão pequeno (25g) ou aqueles já vendidos em bolinhas;
- Um frasco de vaselina líquida, vendida em farmácias por menos de R$ 5;
- Uma vela "7 dias" ou a mesma quantidade (250g) em velas pequenas (compre da cor mais barata que tiver: você não vai fazer oferenda!)
- Uma panela
- Um pegador de salada ou algo que o valha.


2) Como fazer
- Divida o algodão em bolinhas. Quanto maior as bolinhas, mais tempo duram os acendedores; os que fiz tem uns 4 cm de diâmetro;
- Embeba cada bolinha com vaselina líquida. Deixe bem encharcadas;
- Quebre a vela em pedaços e coloque na panela. Se usar fogão à gás, coloque a panela em banho-maria. Se usar fogão elétrico, pode colocar a panela direto sobre a fonte de calor.
- Quando a parafina derreter, mergulhe as bolinhas na parafina e deixe que absorvam o líquido.
- Retire da panela usando o pegador, deixe esfriar até que endureçam e pronto!

Na hora de acender, puxe uma pontinha do algodão, fazendo um biquinho na bolinha. Se estiver usando pederneira, abra a bolinha ao meio. Como duram bastante tempo queimando, você pode inclusive usar só metade de cada bolinha.

As 25g de algodão são suficientes para umas 15 bolinhas. A vaselina, para umas 30. Por conterem hidrocarbonetos (a parafina e a vaselina), ao queimar soltam alguma fuligem, portanto não recomendo seu uso em rechauds. Mas pelo fogo bem forte e duradouro, são ótimas para acender fogueiras e churrasqueiras.



O fogo queima alto assim por 15~20 minutos


sexta-feira, 21 de março de 2014

Mais uma Tralha

Enfim terminei o meu móvel de cozinha. Na minha opinião, dá para o gasto. Abaixo, o texto da postagem anterior e, no final, o móvel pronto.

Saudações!

Queria muito um móvel de cozinha... Já pesquisei, fui nas lojas, olhei, babei... Mas um dos problemas - além do orçamento - é que o móvel, mesmo desmontado, não cabe no porta malas do meu carro. Ontem estava olhando umas prateleiras que estão sobrando aqui em casa e botei os neurônios para funcionar.


A maior utilidade para o móvel de cozinha pra mim nem era a cozinha em si. Tem muitas coisas legais para se fazer quando se acampar, ficar na cozinha não é uma delas. Cozinhar é necessário, eu sei, mas coisas básicas (que não significam  macarrão e salsicha). Meu maior interesse no móvel era ter onde guardar as coisas longe do chão, para o caso de chuva etc. E também servir de apoio para o fogareiro.


As prateleiras que tenho aqui são de plástico bem resistente, feitas para serem encaixadas e empilhadas formando um armário que aguenta um peso absurdo - elas foram feitas pra isso. Então são bem firmes, embora sejam leves.


Como são para suportar peso, elas são vazadas. Então forrei uma delas com uma placa bem fina de EVA (era o material que eu tinha na hora), assim as coisas pequenas ficam mais estáveis quando apoiadas. A ideia é providenciar uma placa fina de madeira e fixar, com parafusos, por cima do EVA.


Ficou assim:

A base
Cada placa mede 38cm de profundidade, 70 de largura e 6,5cm de altura (espessura). Os tubos que formam os pés tem 40cm. Então, do jeito que está, montada a prateleira atinge exatos 80cm de altura. O peso eu não sei dizer, mas deve ficar em torno de 2kg (com os pés).



Desmontada
Eu tenho essas prateleiras aqui há muito tempo. Parece que são chinesas (como tudo, aliás), mas achei um local que parece ter.

Bem, é isto. Achei o resultado interessante - embora eu ainda não tenha testado em camping - e resolvi compartilhar com vocês.


Um abraço!


Atualização: o móvel com os anteparos e o tampo

Bem, fui ao marceneiro e pedi para que ele cortasse quatro chapas: uma para o tampo, outra para a proteção traseira e duas para as proteções laterais. Foram usadas chapas de 3mm pois a única função é servir de anteparo para o vento. O tampo é bem apoiado na prateleira, então é só mesmo para tampar as frestas. Foi parafusado por cima do EVA, de maneira definitiva (não precisa ser retirado).

As chapas foram tratadas com seladora, evitando que absorvam muita umidade. Veja as fotos abaixo:

O móvel montado

Os anteparos desmontados

Detalhe da fixação do anteparo traseiro
Os anteparos tem 20cm de altura e os laterais tem um chanfro que diminui a altura para 5cm na parte frontal. Os dois anteparos laterais foram fixados ao anteparo traseiro com dobradiças, de modo a não necessitar de desmonte. O anteparo traseiro, por sua vez, é fixado na estrutura metálica vista na última foto, que na verdade é uma cantoneira (um "L") cortado ao meio.

Teria ficado melhor se o marceneiro tivesse tratado os dois lados da chapa com o mesmo produto... Um lado ficou mais claro que o outro... :(

A montagem dos anteparos resume-se a unicamente fixar o anteparo traseiro nas duas chapas de metal, uma de cada lado, na parte traseira da prateleira (última foto). Estou usando parafusos com porcas, mas vou substituir as porcas por borboletas, assim a montagem poderá ser feita sem o uso de ferramentas.

Bem, agora está pronto para ser testado na próxima acampada.

Um abraço!




terça-feira, 18 de março de 2014

Tralha Camping

Logo que você toma gosto pelo campismo - algo que é bem normal acontecer logo na primeira acampada - você descobre que a vida na barraca pode ser muito mais fácil se você tiver o equipamento adequado.

Lá naquela primeira acampada na Barra do Una descobrimos que, se tivéssemos levado simples cadeiras de praia, teríamos mais conforto na própria praia ou lá na beira do Rio Una do Prelado. Ah, e um ventiladorzinho pequenininho também teria tornado o início da noite na barraca mais confortável - estava tão quente a noite que o suor escorria e usávamos toalhas para nos secar...


Tendo tudo isso em vista, comecei ali mesmo a fazer uma lista das coisas que precisaríamos nos campings futuros. Logo em seguida descobri também que não basta ir na Decatlhon e comprar as maravilhas que eles vendem lá, por dois motivos: um deles é que o porta malas do meu carro não é muito generoso, e o outro é que nem sempre o carro vai acampar com a gente: como carregar toneladas de tralha para lugares como Ilha Grande ou Ilha do Cardoso se o carro vai ficar lá longe, no continente, distante horas de barco?


Portanto, ao meu ver, a compra de equipamentos de camping deve ser extremamente racional. Já descobri que levar um colchão inflável de casal é mais fácil do que dois colchonetes, por exemplo.


Segue abaixo algumas coisas que pretendo adquirir para as próximas acampadas:


1) Uma barraca de verdade


Vocês devem ter visto a foto da nossa barraca (e a história dela) no nosso primeiro post aqui. Como ela não oferece nenhuma proteção contra chuva, tendo em vista que não tem sequer sobreteto, a lona por cima torna-se obrigatória. Mas a lona, além de ser mais uma coisa que precisa ser levada, ainda depende de o lugar possuir árvores em posição estratégica, coisa com que não podemos contar (ainda mais em feriados). E - nos casos em que o carro não for acampar com a gente - a barraca ainda terá que ter espaço para as nossas roupas, equipamento etc.


Depois de ler muito sobre dois ou três modelos que achei que nos atenderiam naquilo que buscamos (facilidade de transporte, tamanho e proteção, principalmente contra chuva), cheguei ao modelo que quero: é a Zeus, para 6 pessoas, da Guepardo.
Nossa futura casa de praia, de campo, de montanha...
Além de gigante (o quarto mede 3,05 x 3,05m e tem 2m de altura na sua parte central), o avanço coberto tem 2m de extensão, espaço suficiente para guardar nossas tralhas, como...

2) Uma mesa

Nem todos os locais de camping tem estrutura de cozinha comunitária, então cozinhar na barraca é uma opção muito interessante caso o camping não ofereça cozinha ou se você quiser um pouco de privacidade.

De novo de olho no tamanho, espaço que ocupa e peso, optamos por um outro produto da Guepardo: o conjunto de mesa e banquetas Pratiko 2. Uma mesa dessas tem 2002 utilidades, além de servir de apoio para a próxima tralha:

3) Um fogãozinho portátil

Tem um monte de marcas, mas gostei do modelo Duo Ceramik, da Náutika. Dizem que seu queimador cerâmico ajuda no rendimento do gás (no camping, tudo tem que ser usado com o máximo de aproveitamento, pois não há como repor algumas coisas no meio da acampada) e é mais resistente a ventos.


Um fogãozinho desses é mais que suficiente para preparar refeições rápidas (e que não sejam miojo ou salsicha) no conforto do seu acampamento, sem ter que se preocupar se a cozinha comunitária está lotada, limpa etc.


4) Cadeiras


Ah, cadeiras. Como fizeram falta lá na Barra do Una... Fui na Decathlon estes dias e achei uma promoção imperdível: cadeiras Quechua, que podem ser usadas em qualquer lugar, são leves e bastante resistentes, por um preço muito bom. A mão coçou e eu não consegui sair de lá sem levar três: uma tralha a menos para ser comprada. Mas as cadeiras ficariam ótimas se a gente pudesse ficar na praia, sentado nelas, protegidos do sol pelo...

A cadeira. Note que há uma tira de tecido atrás, que serve de alça para transporte.


5) Um gazebo portátil


Gazebo, o nome chique daquela tenda que a gente costuma ver na praia. Normalmente medem 3x3m e são cobertas por uma lona branca. Custam barato - comprei uma a R$ 99 no Wal-Mart. Mas não servem para o camping: são frágeis demais, ocupam espaço demais quando desmontadas (por causa do tamanho das barras da estrutura) e pesam demais (são de aço, não de alumínio.


Até que achei este modelo, da Quechua: mede 2,5x2,5m, é resistente a ventos, oferece proteção (coisa que aquela de R$ 99 não, pois quando chove chove mais lá dentro, pelas costuras, do que fora) e é relativamente fácil de levar por aí. 

O gazebo da Quechua. A parte de cima é sustentada por varetas de fibra, o que diminui a quantidade de aço (e o peso)
6) Um ventilador pequeno

Embora apareça por último aqui na lista, é uma das primeiras coisas que comprei. Achei este modelo da Ventisol, que tem 20cm de diâmetro. Embora não tenha botado muita fé, eu gostei dele porque é leve (750g) e sua base tem um design muito inteligente: pode ser usado sobre a mesa ou, destacando-se a base, aparece uma garra para prender o ventilador em mesas ou qualquer outra coisa que garra consiga "morder". Custou menos de R$ 40, com frete e tudo. Não tive ainda a oportunidade de testar no camping, mas acredito que qualquer brisa já faz uma diferença...


Este é, ao meu ver, o equipamento básico (ufa!) para qualquer campista. E pelo que vi por aí, a tralha só aumenta a cada acampada...


Mas a "arte da tralha" é só mais uma das boas coisas de acampar!


Bora acampar?

Nossa primeira acampada - Barra do Una - Reserva Ecológica Jureia-Itatins

Conforme prometido, segue o relato da nossa primeira acampada... O texto abaixo foi reproduzido pelo Marcos Pivari no site MaCamp, onde foi publicado em 27/01/2014.

           Na semana passada, imbuído pela vontade de passar o fim de semana em Guaraú, comecei a pesquisar preços de pousadas. Diversos e-mails enviados, muitos não respondidos. As pousadas que responderam forneceram valores absurdos de hospedagem, comparados com os melhores hotéis de São Paulo – o que em se tratando de Guaraú é um descalabro, superfaturamento total.


            Bem, na última vez que fomos para lá tínhamos visto que o Camping do Kojak dispunha de uns quartinhos para hospedagem, que no nosso caso é o ideal: afinal, quando viajamos só voltamos para a “base” para tomar banho e dormir. Então, tendo chuveiro e onde dormir, tanto faz. Nem eu, nem minha esposa e muito menos a nossa filha ligam pra isso.


            Pois bem. Eu liguei para o Kojak e ele me disse que o Guaraú tem ficado lotado aos finais de semana, que muito dificilmente ele teria um quartinho vago quando chegássemos. Aí ele falou de repente: “e por que vocês não ficam no camping?”. Respondi que “ah, nem barraca eu tenho!” Muito solícito, respondeu de pronto: “isso não é problema: eu empresto e monto a barraca para vocês!”


            Foi aí que eu me perguntei: “por que não?”. E ficou resolvido que iríamos para lá de qualquer jeito, e se não tivéssemos o quartinho ficaríamos na barraca emprestada. Animado com a ideia – e com vontade de reviver meus tempos de Escoteiro – comecei a vasculhar a internet atrás de dicas, informações e tudo mais. Encontrei o site do MaCamp e aí fiquei atiçado. Depois de ler muito, saí à compra das coisas básicas: colchonetes. No Wal Mart mesmo. Aí vi que tinha barracas lá também e resolvi comprar uma. Sabia que essas barracas não eram grande coisa quanto à chuvas, mas tudo bem: comprei também uma lona para fazer uma cobertura, outra para forrar a barraca por dentro, corda e um canivete. E fiquei pasmo com a quantidade de artigos para camping que existe hoje – coisas que nem sequer eram imaginadas na minha época de escoteiro, onde tudo tínhamos que adaptar ou criar a partir de sisal e bambu – e olha que não sou tão velho assim, tenho só 35 anos!


            Animadíssimo com o camping e ainda mais pelo fato de poder proporcionar uma “aventura” para nossa filha, que tem 8 anos e sonha em “ser bióloga, morar numa barraca no meio do mato para estudar os animais”, ficou decido que não iríamos para o Guaraú e sim para Barra do Una, ainda mais depois que obtive informações que Guaraú tem ficado parecido com o piscinão de Ramos...



Foz do Rio Una do Prelado
            
            Escolhido o camping, montamos a barraca e fomos curtir a praia e, principalmente a foz do Rio Una do Prelado. Ah, que tarde maravilhosa! O Camping do Peder estava praticamente vazio!

            À noite, uma tempestade se aproximou pelo mar. No silêncio total da madrugada, contávamos os segundos entre o relâmpago e o trovão para tentarmos ter uma ideia da distância, tamanho e deslocamento da chuva. A frente chuvosa era bem grande: estava entre 3 e 15 Km da costa e deslocou-se sobre o mar, não caindo uma só gota sobre nós. Mas trouxe uma ventania gostosa que nos refrescou dentro da barraca.

             Fiquei muito tempo ouvindo e prestando muita atenção no som dos trovões. É um som diferente do que estamos acostumados a ouvir na cidade: um som surdo, que muitas vezes eu confundia com o das ondas quebrando na praia. Ouvíamos primeiro o som do relâmpago e logo em seguida o seu eco nas montanhas atrás de nós. O vento mexia as árvores, as folhas, e o silêncio era tão grande que percebíamos nuances, sons diferentes a cada pé de vento que passava. Foi assim, dormindo numa barraca, sujeito a todos os elementos, que tive a certeza de que somos nada perante a Natureza. Que ela simplesmente não tem conhecimento de nossa existência. E que as coisas que costumamos dar valor são na verdade insignificantes. Na verdade, o som do silêncio (isso mesmo) e dos trovões nos seduziu!


            Foi uma experiência que todos deveriam ter ao menos uma vez na vida. E foi só o primeiro camping de muitos outros que virão! Com o tempo iremos aprendendo os macetes, comprando equipamentos melhores... E viajando cada vez mais!

Alexandre Magri

segunda-feira, 17 de março de 2014

Um blog sobre campismo!

Saudações, pessoal!

Eis mais um blog sobre campismo, escrito por mais um que experimentou só uma vez a sensação de acampar, mas que logo nesta primeira vez ficou viciado.


Sou o Alexandre, sou casado com a Viviane e temos uma menina de 8 anos que se chama Fernanda. Neste primeiro post, vou lhes contar como e porquê aconteceu nossa primeira acampada, que aliás aconteceu meio que por acidente...


Férias de Janeiro. Nossa filha foi passar o mês na casa da avó, que mora no litoral de São Paulo. Final do mês, férias já acabando, é hora de ir lá buscá-la.


Pois bem. Tínhamos um fim de semana pela frente, e nossa ideia era pegarmos a Fernanda na casa da avó e irmos passar o sábado e o domingo na praia do Guaraú. Afinal já tínhamos ido lá e gostamos bastante.


Dois ou três dias antes, resolvo começar a ligar para as pousadinhas que existem lá. O sábado (dia 25) era feriado em São Paulo, e as pousadas que achei ou estavam lotadas ou pediam valores estratosféricos por uma única noite.


Da vez anterior que estivemos lá, vimos que o "Camping do Kojak" tinha também um esquema de suítes, que era justamente o que estávamos procurando. Liguei para lá, falei com o próprio e, adivinhem... Ele disse que ainda tinha alguns quartos sobrando, que o pessoal provavelmente iria ocupar a partir de sexta-feira. Aí ele falou do camping: "por que vocês não ficam no camping? É só uma noite!" Respondi: "cara, nem barraca eu tenho!" Ele, muito solícito: "Isso não é problema. Eu te empresto uma barraca, não tem problema!"

Aí veio o "estalo": por que não? Afinal eu fui Escoteiro, e tudo aquilo que aprendi no escotismo veio na memória.


Agradeci, desliguei o telefone e joguei a ideia para a D. Patroa, que não se opôs.


Então estava dedicido: iríamos acampar. Eu tinha certeza de que a Fernanda ia adorar. Mas resolvi que não ia pegar a barraca emprestada lá do Kojak. Eu mesmo queria ter a minha.


Como só tínhamos dois dias, não tive muito tempo para preparar as coisas. Fui até o mercad e comprei a maior barraca que encontrei, um iglu daqueles da China, bem simples, mas que seria suficiente para a empreitada. Fui também ao Centro de SP comprar uma lona - afinal é óbvio que aquela barraca não ia aguentar chuva nenhuma. Comprei também um canivete, cordas e três colchonetes. Ah, e um repelente decente.


Ao saber por telefone que iríamos acampar, nossa filha ficou em êxtase com a "aventura" que iria viver. 


Este foi o motivo que nos apresentou o mundo do campismo. Nesta primeira acampada - que aconteceu na praia da Barra do Una, dentro da Reserva Ecológica da Jureia-Itatins, nós descobrimos que só uma barraca é capaz de promover um contato tão íntimo com a Natureza; só uma barraca é capaz de mostrar como somos insignificantes perante o planeta. E que aquela seria apenas a primeira - e inesquecível noite que passaríamos dentro de uma barraca.


No próximo post relatarei com detalhes como foi maravilhosa esta viagem.


Sejam muito bem-vindos!



O melhor sábado das nossas vidas!